segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

“Lula agarrou um companheiro de cela menor de idade”

Por Nicolas Mileli

Legenda: César Benjamin conta memórias não-autorizadas de Lula

César Benjamin foi co-fundador do Partido dos Trabalhadores, PT, em 1980, após voltar, em 1979, de um período de exílio que durou 3 anos. Após coordenar a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente em 1989, deixou o partido em 1995.

Em 2004 filiou-se ao recém criado Partido Socialismo e Liberdade (Psol), pelo qual concorreu a vice-presidência em 2006, na chapa da Heloísa Helena. No mesmo ano, Benjamin desfiliou-se do partido após discordar de decisões internas do partido. Ele hoje é editor da Editora Contraponto, que fundou na década de 90, e trabalha como colunista da Folha de São Paulo.

Como foi a sua saída do PT?

Fiquei muito desiludido com o partido e agora quero contar coisas que eu nunca contei sobre a história da esquerda brasileira.

O que aconteceu que lhe fez sair do partido?

O jeito como o PT trata seus fiéis seguidores e seu trato com o poder. Só está interessado em cargos e acordos. Ideais da esquerda brasileira foram deixados de lado.

Tem algum motivo pessoal para a sua mágoa?

Não. Só político.

Como era a sua relação com o Lula ao longo dos anos que vocês conviveram?

Fui o melhor amigo do Lula, a ponto de ter escondido todos esses anos algumas de suas falhas mais graves. Mas, agora que eu me sinto traído em meus ideais, eu estou disposto a contar.

Quais falhas?

O que eu nunca esqueci foi quando eu tinha 16 anos e estava na prisão sendo torturado e vendo meus companheiros serem torturados. Muito tempo depois, já quando era líder do PT, Lula veio me contar sua memória da prisão. Ele não foi torturado, e, pelo contrário, até riu de um episódio que qualquer um teria vergonha.

Quando aconteceu isso? Que episódio foi esse?

Foi por volta dos anos 80. Ele me perguntou como eu consegui passar tanto tempo sem b***. Eu falei que não tinha como, afinal estávamos presos e sendo torturados. Ele contou que ficou só um mês na prisão, mas não agüentou e agarrou um companheiro de cela.

E ele molestou esse companheiro?

Pelo que ele me contou, sim. Ele disse que era um menor de idade e militante do MEP (Movimento Estudantil Operário).

Sabe o nome?

Não, mas não é difícil apurar nos inquéritos.

Tinha testemunhas?

Sim, duas. O cineasta Silvio Tendler e um publicitário estrangeiro.

Por que ninguém falou nada?

Todos têm dívida de gratidão com o Lula e, quando se luta contra a direita, não deve atacar os amigos da esquerda.

O que te motivou a contar essa história só agora, mais de 30 anos depois dela ter acontecido e cerca de 10 anos depois de sua saída do PT?

Eu nunca esqueci essa história e não revela-la dói na minha consciência. Hoje eu acordei disposto a acertar contas com o passado e também fazer com que as pessoas conheçam quem é verdadeiramente Luís Inácio Lula da Silva


  • Todos têm dívida de gratidão com o Lula e, quando se luta contra a direita, não deve atacar os amigos da esquerda.
  • Fui o melhor amigo do Lula, a ponto de ter escondido todos esses anos algumas de suas falhas mais graves.

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