segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lula é acusado de molestar companheiro de cela durante a ditadura

César Benjamin, co-fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e desfiliado em 1995, acusou Luís Inácio Lula da Silva de ter molestado um companheiro de cela menor de idade na prisão, durante a ditadura. Segundo Benjamin, o próprio presidente teria contado essa história para ele em um jantar nos anos 80. Trinta anos depois, o ex-petista decidiu “acertar as contas com o passado” e denunciar Lula.

“Ele me perguntou como consegui passar tanto tempo preso sem transar”, contou, “e eu falei que não tinha como, eu e meus companheiros estávamos presos sendo torturados”. Em seguida, de acordo com Benjamin, Lula teria dito que não agüentou, mesmo tendo ficado apenas 30 dias preso, e molestou um companheiro de cela. “Era um menor de idade que era militante do MEP (Movimento Estudantil Planetário)”, afirmou o ex-petista, sem lembrar nomes.

Benjamin alegou que havia duas testemunhas no jantar: o cineasta Sílvio Tendler e um publicitário estrangeiro. “Ninguém contou porque todo mundo tem dívidas de gratidão com o Lula e, quando se está lutando contra a direita, não se pode atacar seus amigos de esquerda.” Decepcionado com o presidente, que afirma ter sido seu melhor amigo, o ex-petista dispara: “a esquerda no Brasil foi para o beleléu”.

Mesmo tendo saído do PT há 14 anos, Benjamin decidiu revelar a história agora, nas vésperas da eleição de 2010 e meses antes do lançamento da cinebiografia do presidente – “Lula, o filho do Brasil” –, que não inclui o fato. “Hoje acordei disposto a acertar contas com o passado e fazer com que as pessoas conheçam quem é verdadeiramente Luís Inácio Lula da Silva.”

Preso aos 17 anos, Benjamin foi torturado e se exilou na Suécia. Coordenou a campanha de Lula em 1989 e, desiludido, abandonou o partido seis anos depois. “O jeito que o PT está se apropriando do poder e tratando seus mais fiéis seguidores, só está interessado em cargos e apoios.” De 2004 a 2006, o ex-petista foi filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Hoje, trabalha na Editora Contraponto e é colunista da Folha de São Paulo.

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