quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Portugal conquista novas terras

Por Marina Lins
Terras desconhecidas foram encontradas ontem pela esquadra de Pedro Álvares Cabral. Após 44 dias de viagem, a tripulação lançou âncora a aproximadamente seis léguas da Terra de Vera Cruz, como nomeou o capitão. Hoje pela manhã, Nicolau Coelho desembarcou para fazer contato com os cerca de vinte nativos que estavam na praia, todos nus.

A confirmação da existência de terra veio quando a frota avistou um monte alto e redondo, agora chamado Monte Pascoal. Porém, de acordo com os pilotos, os primeiros indícios apareceram no dia 21, quando ervas botelhos foram vistas no mar. As aves fura-buchos que voavam ao redor também vieram denunciar a presença de Vera Cruz.

Em carta ao rei de Portugal, o escrivão Pero Vaz de Caminha descreveu a terra como “toda chã e muito cheia de arvoredos”. Estipulou que tenha aproximadamente vinte léguas de costa cercada por águas abundantes. “Querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem”. O clima também foi ressaltado por Caminha como frio e temperado, “de muito bons ares”.

Os nativos se mostraram inofensivos na presença de Nicolau Coelho. Ao receber a ordem do Capitão-mor, o tripulante desembarcou e fez sinal para que os homens da terra colocassem seus arcos e flechas no chão. Foi obedecido. Apesar disso, a comunicação não é fácil, pois eles não entendem o português.

Coelho deu aos nativos um barrete vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro de penas de ave. Em troca, recebeu um ramal grande de continhas brancas. As peças devem ser enviadas ao rei de Portugal, mas não há sinais de ouro.

Os habitantes de Vera Cruz, tanto homens como mulheres, andam inteiramente nus e não parecem sentir vergonha. Segundo Pero Vaz de Caminha, “A inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior, com respeito ao pudor”. São pardos e têm o cabelo bem liso e negro. Alguns têm pinturas por todo o corpo, penas nos cabelos e enfeites como ossos enfiados nos lábios de baixo.


O nome Vera Cruz

O nome Terra de Vera Cruz não foi escolhido por acaso, está repleto de religiosidade. Desde a tomada de Celta em 1415, os portugueses carregam o espírito das cruzadas. O próprio rei D. Manuel I é Grão-Mestre da Ordem de Cristo. Além disso, as embarcações da expedição de Cabral trazem a cruz da Ordem de Cristo em suas velas.

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