quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Portugal descobre ilha e dá mais um passo rumo à construção de um império

Por Raquel Oliveira
Nova terra foi descoberta pela frota real portuguesa ontem, às 11h da noite, hora de Lisboa. Situada a oeste de Cabo Verde, a ilha, batizada pelo capitão da comitiva de "Terra de Vera Cruz", é habitada e fértil.
O escrivão Pero Vaz de Caminha revelou os detalhes do feito em carta ao rei de Portugal, Dom Manuel I. Segundo Caminha, ainda não se sabe se há metais preciosos em Vera Cruz. No entanto, ele acredita que tudo o que lá for plantado frutificará, dada a abundância de água disponível no local.
Pareceu ao escrivão que os habitantes do mais novo domínio português são inocentes, formosos e receptivos à fé católica. "O melhor fruto que dela [a Terra de Vera Cruz] se pode tirar será salvar esta gente", opina Caminha na carta, em referência à catequização dos nativos.
Terra à vista
A frota real portuguesa partiu de Belém no dia nove de março, segunda-feira. Após 45 dias em alto-mar, com direito a duas paradas - uma nas ilhas Canárias e outra nas ilhas do Cabo Verde, ambas a oeste de Lisboa -, as tripulações avistaram terra.
Primeiro, um monte "muito alto e redondo", nas palavras de Caminha, posteriormente batizado de Monte Pascoal. Em seguida, serras baixas repletas de árvores: a Terra de Vera Cruz.
O contato com os nativos foi feito em 23 de abril, dia seguinte à descoberta. Os desbravadores chegaram a trocar alguns pertences com os habitantes. Receberam em troca arcos e flechas, entre outros itens.
Mas houve perdas. Em 24 de março, pouco menos de um mês antes da chegada em Vera Cruz, a nau de Vasco de Ataíde se perdeu da frota, mesmo com as boas condições climáticas do Oceano Atlântico à época. Foram feitas buscas, mas nada foi encontrado.
A descoberta da nova terra faz parte de um projeto político da monarquia portuguesa. Motivado pela rivalidade com o reino espanhol e pela necessidade de agregar bens fundiários e monetários ao tesouro português, Dom Manuel I pretende investir, ao longo de seu reinado, parte da arrecadação de impostos em exploração além-mar.

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